Gênesis XIV, 1962.

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Antônio Cruz Maia. Gênesis XIV. 1962. Tinta a óleo s/tela. 49,5 x 61 cm. Prêmio Associação Comercial de Minas Gerais, XVIII SMBA/PBH, 1962. Acervo Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte.

A ação de trabalhar a superfície pictórica através de elementos e ações não comumente associadas à prática artística, pode ser verificada em Antonio Maia, que modifica o “branco” da tela a partir da aplicação de substâncias corrosivas e mesmo quando se utiliza de cores, não o faz no sentido de preencher determinada área, mas como o próprio processo de efetivação de um espaço cromático. A cor não é um elemento acrescido ao espaço, mas antes condição de sua existência, ressaltada posteriormente pela realização de incisões e marcas. Na parte central da obra Gênesis XIV, do XVII SMBA, de 1962, percebe-se um conjunto de buracos e bolhas que parece provocado pela aplicação de grandes quantidades de tinta. À direita, encontra-se uma conformação retangular contendo em seu interior textura ocre de onde partem quatro linhas em alto-relevo. É possível que um dos objetivos da obra seja lidar com a materialidade e a experimentação de texturas e cores. A textura parece alcançada tanto pela trama compositiva da tela escolhida quanto pela aplicação de várias camadas de tintas até que a sobreposição permita o delineamento de tal textura. O gesto que demarca a execução da pintura parece manual, feito com o próprio dedo.

Para saber mais: VIVAS, Rodrigo. Abstrações em movimento: Concretismo, Neoconcretismo e Tachismo. Porto Alegre: Zouk, 2016. 140 p.

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