Abajur, 1970.

abajur

Imagem do abajur de José Resende, selecionado no II Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte, publicada em matéria do jornal “Diário da Tarde”, intitulada Os erros de um salão de arte, do jornalista Morgan Motta, em 21 de dezembro de 1970.

Houve até abajur selecionado como obra no Salão! Márcio Sampaio descreve tal atitude como uma das mais polêmicas do evento, já que o autor da mesma a teria inscrito num ato de ingenuidade, pois se acredita que ele nem sabia do que se tratava um Salão de Arte.

No entanto, ao levar os trabalhos para o Museu, José Rezende, sem o saber, permitiu que se transformassem; desviados de sua função, elevaram-se ao nível da arte oficializada dos Museus; provocando – como todo kitsch – um grande impacto a quem os vê ali na sala de exposição. Aceitamos as obras de José Rezende para que representassem todos os trabalhos que, por força, fomos obrigados a cortar da exposição. E os colocamos logo à entrada do Museu, como símbolo do Salão, “três monstros contra os monstros sagrados da arte brasileira”. (SAMPAIO, Márcio. O Salão Total e o Anti-Salão. Suplemento Literário, 06 fev.1971, p. 12).

A polêmica do abajur selecionado remete à adoção pelo júri de uma proposta que pretendia aceitar todas as obras que fossem apresentadas ao Museu de Arte da Pampulha. Ângelo Oswaldo até comentara que “Inicialmente, pensou-se em aceitar todos os trabalhos levados ao Museu da Pampulha, que só por lá estarem, já se caracterizariam como arte, não bastasse entender-se qualquer expressão como tal” (OSWALDO, Ângelo. Tudo é arte, nada é arte, para que serve um salão? Estado de Minas, Belo Horizonte, 31 dez. 1970). Entretanto, aceitar “tudo” enquanto representativo da arte da atualidade denotaria pouca preocupação com a qualidade dos trabalhos, ou, por outro lado, poderia ser uma crítica à pretensão de abertura do “concurso”, ou ainda, à própria crise do Salão e uma “incapacidade” de julgar o mérito das obras apresentadas.

Para saber mais: ALVES, Joana D’arc de Jesus; VIVAS, Rodrigo. Premiações nos Salões de Belo Horizonte : da ‘desmaterialização’ à realidade do circuito artístico (1969 a 1972). 2015. 113 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes.

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