Parque Municipal , óleo s/ tela, 85,5 x 117 cm, 1950

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Figura 1 – Haroldo de Almeida Mattos, Parque Municipal, óleo s/ tela, 85,5 x 117 cm, 1950. Acervo Museu de Arte da Pampulha – FMC

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Figura 2 – Nelly Frade. Parque Municipal, óleo s/ madeira, 38,5 x 41 cm, 1951. Acervo particular.

O quadro de Haroldo [Figura. 1] (1º prêmio de pintura na divisão de Arte Neoclássica, VII Salão de Belas Artes, 1952) possui estrutura completamente diversa do feito por Nelly [Figura. 2]. Os tons parecem se completar, toda a variedade cromática possui uma nuance em comum, não há na composição, fragmento incompatível com o todo. As cores variam, se alternam, mas voltam ao mesmo lugar, compondo juntamente desde o menor ao maior elemento, indo da vegetação às pessoas com a mesma frequência.. Para as figuras, estas são colocadas com certa economia de detalhes, apesar de ainda possuírem o básico que permite defini-las como tal, o que não ocorre no segundo, no qual as figuras só podem ser diferenciadas pelos campos de cor. Mais importante ainda, na comparação entre os dois quadros, é notar que no quadro de Haroldo Mattos, o traço em preto que delineia as estruturas se mantém diferente do Parque Municipal pintado por Nelly Frade, que se constrói pelo encaixe de manchas cromáticas. Todo o quadro parece tomado por um movimento ondulatório, que agita as pessoas, agita as árvores, o chão e também as casas, induzindo o observador a uma percepção circular, que tem início com a primeira figura de vestido vinho e bacia na cabeça, passa pela segunda mulher, acompanha as árvores e segue tocando cada uma das pessoas que ocupam o espaço do parque, passa ainda pela ponte, contornando o parque e retornando a primeira figura. Se no quadro de Nelly temos movimento, no quadro de Haroldo a ideia é de imobilidade, as figuras não somente apreciam a paisagem, como são juntamente congeladas com esta. As copas das árvores não balançam as folhas não se movem e as pessoas não respiram, a imobilidade toma o quadro e o cristaliza em um recorte de um dia ensolarado onde o vento passa de forma silenciosa. As sombras são também mais um exemplo da disparidade entre as imagens, Haroldo Mattos projeta no chão cada detalhe criado pela presença do sol que vem em direção oposta ao caminho que toma o centro da composição, já Nelly Frade, não acrescenta sombra à suas figuras, os elementos são de tal maneira identificados com o fundo, que não se separam da paisagem, uma vez inseridos no parque, passam a dele fazer parte.

Para saber mais: VIVAS, Rodrigo; GUEDES, Gisele. Arte Neoclássica e Arte Moderna nos Salões Municipais de Belas Artes: um confronto além dos conceitos.

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