Ismênia de Araújo Coaracy. Angústia. 1963. Tinta a óleo sobre tela. 72,8 x 91,5 cm. Prêmio Associação Comercial de Minas Gerais, XVIII SMBA/PBH, 1963. Acervo Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte.
Ismênia de Araújo Coaracy não poderia ter utilizado um título mais adequado para sua obra Angústia, premiada no XVIII SMBA-BH de 1963. O seu sentimento transformado em cores é sustentado pela imobilidade ou falta de ação. As cores se fecham e nada parece possibilitar uma quebra deste estado de dúvida. O maior estado de segurança ocorre com a ausência de ação, pelo simples fato de não desencadear outras por consequência. A observação mais atenta nos faz aproximar de uma forma inusitada que não conseguimos localizar em um esforço comparativo. Existe algo de estranhamento na superfície que garante a distância — as pequenas variações de um azul que parece ter sido absorvido pelo vermelho e pelo preto. O contato entre o vermelho e o preto parecem realizados no sentido de criarem um desenho espiralado que converge para o ponto central do quadro, tomado por um vazio, um espaço oco capaz de atrair o olhar pela curiosidade, mas afastá-lo pela impossibilidade de retornar daquilo que é desconhecido e não oferece viabilidade em ser dominado.
Para saber mais: VIVAS, Rodrigo. Abstrações em movimento: Concretismo, Neoconcretismo e Tachismo. Porto Alegre: Zouk, 2016. 140 p.