José Ronaldo Lima. Gramática Amarela. Proposta conceitual de intervenção com jornal e tinta spray no Parque Municipal, manifestação Do Corpo à Terra. Belo Horizonte, abril de 1970.
Lima transforma-se no elo entre a vanguarda mineira e a carioca, pois participa da exposição Objeto e Participação com suas caixas sensoriais; é convidado para Bienal de São Paulo, além de propor, na exposição DCAT, a obra Gramática Amarela. Essa obra consta de uma intervenção de grafites vermelhos e verdes e, ao lado, jornais com manchetes que se referiam à Revolução Cultural Chinesa e à Guerra do Vietnã.
Alguns aspectos são mais objetivos como os jornais expostos com manchetes. A mensagem é complementada com manchas vermelhas cobrindo os jornais. Destacam-se ainda outros fatores visuais que parecem aproximar-se da poesia concreta. A primeira é a valorização da primeira sílaba da palavra “VERME”, circundada por um retângulo verde, “VER” sugere, ao mesmo tempo, o sentido de olhar fixamente para um determinado objeto, ocupando um lugar reforçado pela cor verde. Parece-me que Lima, apesar de sua intenção política, propõe aspectos sensoriais e formais. Outra conjunção possível refere-se à separação entre a palavra “VERME” e a sílaba “LHA”, que aparece logo embaixo e induz o observador a ler a palavra “VERMELHA”.
Para saber mais: VIVAS,Rodrigo. Por uma História da Arte em Belo Horizonte: Artistas, exposições e salões de arte. Belo Horizonte: C/ Arte, 2012. 248 p.