Dos Homens e do Fim, 1964.

4-cordula

Dos Homens e do Fim. Raul Córdula, 1964. (61 x 50,2 cm). Foto: Nelyane Santos, agosto de 2013. Acervo Museu de Arte da Pampulha.

O desenho deste artista paraibano identifica-se a princípio como uma abstração informal, mas a descrição do gestual livre e das cores utilizadas leva o observador à possibilidade de reconhecer algumas formas e figuras, tais como olhos humanos, rostos, espirais. (…) Em artigo escrito em 1965, sobre uma exposição do artista na Galeria Verseau, Rio de Janeiro, o crítico Harry Laus comentou sobre a forma inspirada em desenhos de crianças feitos em muros e paredes, predominante nas obras de Raul Córdula desse período. Estas formas estão inseridas na visualidade do desenho Dos homens e do Fim.

Dando um tratamento artístico às figuras casuais que as crianças riscam pelas paredes com giz, carvão ou uma lasca de pedra, parte para a complementação do quadro a óleo ou do desenho com o emprego da cor e a orientação dos planos. Com predominância do azul, do cinza e terras no fundo, lança suas figuras em traços negros, obtendo efeito novo de grande beleza plástica, com sentido perfeito de modernidade. (LAUS, Jornal do Brasil, 23/04/1965).

Esta tendência de Raul Córdula, que demarca o início de sua trajetória artística, vinculada à figuração de percepções do seu cotidiano das paisagens urbanas e à disposição que as insere em seus desenhos, suscita diálogos com a figuração narrativa da pop art. No desenho Dos homens e do Fim, vê-se a valorização da expressão gestual, com formas livres, que contornam e preenchem a insinuação de figuras numa narrativa. (…) Posteriormente, sua trajetória artística foi mais caracterizada pelo uso de figuras geométricas e por experimentações no campo da pintura. (SANTOS, 2014, p. 55-57)

Para saber mais: SANTOS, Nelyane Goncalves; VIVAS, Rodrigo. A história da arte de Belo Horizonte a partir de obras dos Salões Municipais entre 1964 e 1968. 2014. 165 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes.

Deixe um comentário