Tríptico. 1962.

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Flávio Shiró. Tríptico. 1962. Óleo sobre tela, 46,2 x 116,1 cm. Museu de Arte Contemporânea. São Paulo.

A presença do gesto na obra Tríptico parece aproximar-se de um de­sejo antiformal que transforma o ato de pintar em uma ação expressiva, em uma pulsão inconsciente. A geração de pintores à qual Shiró pode ser inserido convive com a ideia de catástrofe e ruína devido às duas guerras mundiais e ao impacto da bomba atômica. Talvez esse fato ex­plique certa visão pessimista do século XX, marcado pelo tecnicismo, pela violência e pela exclusão social.

Ainda no que se refere a Tríptico, as imagens parecem assumir uma noção de fluxo, de redimensionamento, que pode referir-se às noções de tempo e espaço. A sequência do tríptico parece anunciar momentos distintos de um mesmo processo, talvez tratado a partir de ângulos ou dimensões diferentes. Shiró parece dialogar com uma geração de artis­tas, dentre os quais se encontram Jean Dubuffet e Karl Appel. Na pers­pectiva desses artistas, nega-se a possibilidade de a arte ser considerada “representação”. Dessa forma, a matéria da pintura passa a ser um meio no qual opera o artista. Shiró parece consciente do processo de evidenciação de uma era de catástrofe. Torna-se importante, então, marcar a pintura com a liberdade do gesto e produzir uma pintura matérica.

Para saber mais: VIVAS,Rodrigo. Por uma História da Arte em Belo Horizonte: Artistas, exposições e salões de arte. Belo Horizonte: C/ Arte, 2012. 248 p.

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