Desenho 35. José Ronaldo Lima, 1968. (70,2 x 39,9 cm). Foto: Nelyane Santos, fevereiro de 2014.
Feito em nanquim e ecoline, o desenho sobre papel possui um efeito de estamparia diante dos traços delicados e de grande preenchimento de figuras. A composição divide o desenho em dois hemisférios. Na parte de cima o papel é neutro preenchido apenas pelo contorno de um círculo, na parte de baixo há uma cobertura densa de nanquim preto.
Dentro do círculo, há figuras detalhadas distribuídas e algumas interligadas. Estas figuras expressam formas orgânicas, semelhantes a aves e a feições antropomórficas. Pés, mãos, olhos, cabeças se interligam como se fossem um grande organismo em funcionamento. As cores predominantes são: preto, vermelho, amarelo e branco, marrom e ocre. Na parte de baixo do círculo há duas formas ligeiramente retangulares, uma mais ao centro e a outra à 114 esquerda, que se assemelham a relógios com vários ponteiros e contadores em círculos de diferentes cores (amarelo, vermelho e laranja). Ao centro do círculo na parte mais alta, há quatro figuras que se assemelham a humanos apontando para o centro como se estivessem lançando algo. Logo abaixo de duas destas figuras, há dois foguetes. Outras formas que estão interligadas assemelham-se a bocas abertas lançando outros organismos menores no espaço. O círculo não é completamente fechado, na lateral esquerda inferior há um filete em curvas, destacando-se pela sua finura na grande área do nanquim preto.
Esta conformação figurativa esteve presente em outros desenhos de José Ronaldo Lima, produzidos em 1968 e 1969. A visão de formas miniaturizadas numa disposição orgânica e microscópica insinua a visibilidade de organismos celulares, misturados a um universo cósmico de viagens espaciais.