Takashi Fukushima. Abstração em branco. 1960. Tinta a óleo sobre tela. 90 x 110 cm. 2º Prêmio de Pintura, 15° SMBA/PBH, 1960; doação de Alair Coreto. Acervo Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte.
Com Abstração em branco, de Takashi Fukushima, somos convidados pela sutileza e leveza da abstração das formas produzidas por camadas e espátulas. A estrutura formada por camadas de cor parece prestes a se desfazer, assim como o movimento das nuvens, que por um momento são capazes de estruturar formas imaginárias grandiosas e se esvaírem logo em seguida. A origem japonesa faz com que a crítica reconheça uma matriz zen ou alguma explicação aproximada de uma certa visão de vida peculiar, contudo, o que nos chama a atenção é a preparação metódica do fundo para que, gradativamente, a superfície seja preenchida com várias camadas de cor. A obra se apresenta no limite da transformação, da passagem de um estado a outro: por vezes a construção é estruturada, por outras o gesto e a valorização do acaso se estabelecem. O volume preto que ocupa uma pequena parte à esquerda da tela, na perspectiva do observador, estabelece uma relação retroativa com as cores sutis contaminadas pelo branco: num movimento, parece sugá-las para escuridão, em outro, parece que será gradativamente preenchido por elas. Esse equilíbrio sempre instável presente na composição não poderia ser considerado como a especificidade de uma matriz japonesa, mas de uma observação suntuosamente sensível da natureza.
Para saber mais: VIVAS, Rodrigo. Abstrações em movimento: Concretismo, Neoconcretismo e Tachismo. Porto Alegre: Zouk, 2016. 140 p.